Com tres anos de
existência a AMESG, Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral
já possui um dos maiores enxames do estado, são
64 associados envolvendo a grande maioria dos municípios da encosta da
serra.
Com o objetivo de
reunir esforços, a pedido dos associados da AMESG, o prefeito Celso Heidemann
estendeu o convite aos Deputados Joares Ponticelli e José Nei Ascari e ao
vereador de Tubarão, Deka May para que participassem de uma roda de discussão
com os meliponicultores sobre a legalização da criação e comercialização das
abelhas nativas e seus derivados.
Na roda de conversas na casa do
presidente da associação, Guido Defrein foram levantadas as reivindicações e os
presentes puderam ter esclarecimentos sobre o assunto em pauta, com o
meliponicultor Jean Carlos.
"Um dos maiores
problemas esta na legislação e legalização da atividade, uma vez que esta é
caracterizada como criação de animais silvestres, porém com peculiaridades
muito diferentes de animais como a paca, capivara entre outros. Estas abelhas
são responsáveis pela manutenção da integridade de ecossistemas inteiros,
constituem-se principais polinizadores de 90% das árvores brasileiras e
desempenham uma importante tarefa na nidificação das matas e ecossistemas. Elas
ainda disponibilizam ao homem o mel, a cera, o pólen e a própolis, e não são
criadas em cativeiro, a exemplo de outros animais nativos, elas vivem soltas em
seu ambiente natural. Outro entrave na legislação está na comercialização do
mel, que alguns os denominam Natmel. Por ter uma composição diferente do mel da
abelha africana, não se enquadra nas normas da ANVISA para o mel."
A Associação de Meliponicultores das
Encostas da Serra Geral realiza um trabalho de resgate e cultura das abelhas
nativas desta região, garantindo amor a natureza e a não extinção destas
abelhas. Já são cerca de 30 espécies catalogadas e em fase de produção. No
estado de Santa Catarina estima-se 10 mil colméias e em Santa Rosa de Lima e
arredores são 64 meliponicultores associados, possuindo pouco mais de tres mil
colméias. A região das Encostas da Serra Geral estão os maiores cultivares de
meliponas do estado.
Após as explanações das dificuldades e
das vantagens da criação de meliponas, ficou o comprometimento dos deputados
com a causa. "Vocês definem um equipe para a audiência e nós assumimos o
compromisso com os orgãos estaduais responsáveis. A argumentação de vocês é
muito forte, deve ser ouvida e a reivindicação é muito válida". Em breve
uma audiência deve ser marcada com o Secretário de Estado da Agricultura, João
Rodrigues e com Murilo Flores, Presidente da FATMA.
Sobre as abelhas
A
extinção das abelhas nativas está muito comprometida pela mecanização das
lavouras e uso crescente de agrotóxicos, o desmatamento, o aumento da poluição
e extrativismo de colméias, por meleiros, tem acabado significativamente com
populações. Há, pelo menos, cinco razões que justificam o interesse em
legalizar e transformar a meliponicultura em um empreendimento rural:
As abelhas sem ferrão
são os principais agentes polinizadores de várias plantas nativas. Preservar
essas abelhas contribui, portanto, para conservar os mais diversos tipos de
vegetação, há também agricultores utilizando as abelhas sem ferrão na
polinização de culturas agrícolas.
O mel produzido pelas
abelhas sem ferrão contém os nutrientes básicos necessários à saúde, como
açúcares, proteínas, vitaminas e gordura. Esse mel possui, também, uma elevada
atividade antibacteriana e é tradicionalmente usado contra doenças pulmonares,
resfriado, gripe, fraqueza e infecções de olhos em várias regiões do País.
Além de fonte de
alimento e remédio, o mel produzido pelas abelhas sem ferrão pode representar
uma importante fonte de renda.
São, de um modo
geral, abelhas bastante dóceis e de fácil manejo. Por isso, dispensam o uso de
roupas e equipamentos de proteção reduzindo os custos de sua criação e permitindo
que essas abelhas sejam mantidas perto de residências e/ou de criações de
animais domésticos. Além disso, por não exigir força física e/ou prolongada
dedicação ao seu manejo, a criação de abelhas sem ferrão pode ser facilmente
executada por jovens e idosos.
Estima-se que, só no
Brasil, existam mais de 200 espécies de abelhas sem ferrão. As mais promissoras
em termos de produção de mel são as espécies do gênero Melipona, conhecidas
popularmente como mandaçaia (nome científico, Melipona quadrifasciata),
jandaíra nordestina (Melipona subnitida), uruçu-cinza ou uruçu-cinzenta
(Melipona fasciculata), uruçu-amarela (Melipona rufiventris), uruçu-do-nordeste
(Melipona scutellaris), entre outras.
A meliponicultura é,
portanto, uma atividade de baixo impacto ambiental, que produz um alimento de
elevado nível nutricional, e de retorno financeiro garantido. Se bem planejada,
a criação de abelhas sem ferrão em caixas racionais pode enquadrar-se,
perfeitamente, nas atuais diretrizes que norteiam o desenvolvimento sustentável
da região das encostas da Serra Geral: promover o uso racional dos recursos da
Mata Atlantica, equilibrando interesses ambientais, com interesses sociais de
melhoria de qualidade de vida das populações que residem na região.
Fonte: Associação de
Meliponicultores das Encostas da Serra Geral
Prefeitura de Santa
Rosa de Lima
Data Postagem Original: 27/02/2012
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