domingo, 9 de dezembro de 2012

Consulta pública de espécies da fauna brasileira criadas e comercializadas com a finalidade de estimação


Segue uma notícia que tomará de frutos, o IBAMA está com uma consulta publica sobre quais animais silvestre deveriam ser domesticados com a finalidade de se tornarem de estimação. Vamos todos cadastrar as espécies que conhecemos, e torcer para que dê certo. Segue abaixo texto extraído do site do IBAMA, lembrando que tem que justificar a espécia solicitada com bibliografia, no final da postagem colocarei alguns exemplos. 
"Brasília (30/11/2012)- A existência de criadouros autorizados pelo poder público para comercialização de animais silvestres está prevista pela legislação brasileira há mais de quarenta anos (Lei 5197, de 03 de janeiro de 1967). Portanto, atualmente já existem empreendimentos devidamente autorizados pelo a criar e comercializar animais nascidos em cativeiro, seja para uso como animal de estimação, seja para comercialização de carne e pele, ou outras finalidades. Não havia, entretanto, legislação específica que definisse quais espécies poderiam ser comercializadas como animais de estimação. A Resolução Conama 394, de 6 de dezembro de 2007, incumbiu o Ibama de estabelecer quais espécies da fauna nativa brasileira poderão ser reproduzidas em criadouros para serem comercializadas com a finalidade de servirem especificamente como animais de estimação.
Como parte dos trabalhos de elaboração da lista de espécies, o Ibama fará consulta pública para conhecer a opinião da população brasileira sobre o tema e para obter possíveis subsídios adicionais para a tomada de decisão. A consulta pública será realizada via formulário eletrônico entre 6h do dia 3 dezembro de 2012 e 23h59 do dia 17 de dezembro de 2012, no endereço: http://www.ibama.gov.br/consulta_publica/listapet.
Manifestações enviadas por documentos impressos ou correio eletrônico (e-mail) não serão analisadas. Ao término desse prazo, o Ibama fará a análise de todas as contribuições, objetivando a publicação da citada relação de espécies.
O interessado deve indicar quais espécies devem constar na lista para criação e venda como animais de estimação e quais espécies não devem constar nesta lista. Não é necessário opinar sobre todas as espécies e nem referir-se a todos os critérios da Resolução Conama. Somente serão consideradas as contribuições que forem embasadas tecnicamente de acordo com os critérios estabelecidos no art. 4º da Resolução Conama 394/2007. Se possível, indique as referências bibliográficas utilizadas para embasar a justificativa.
A consulta refere-se apenas a espécies da fauna brasileira com aptidão para serem criadas como animais de estimação. Logo, não serão consideradas sugestões de criação para outros fins, como abate, uso em pesquisa científica ou para fins de conservação. Também excluem-se desta consulta invertebrados e peixes, bem como todas as espécies exóticas (espécies não pertencentes à fauna brasileira). Não serão aceitas contribuições direcionadas somente ao gênero, sem definir a espécie (ex: Aratinga spp.)
Ressalta-se que a presença de uma espécie na lista final a ser publicada não representa autorização para que seja capturada na natureza ou para que seja legalizada a posse de animais dessa espécie que não tenham origem em criadouros autorizados.
Por fim, esclarece-se que esta lista será revisada periodicamente, conforme artigo 3º da Resolução Conama 394/2007.
O aviso foi publicado hoje (30/11) no Diário Oficial da União, página 205 seção3.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama."
Bibliografias que podem ser citadas:
AIDAR, Davi Said (1996). A Mandaçaia: Biologia de abelhas, manejo e multiplicação artificial de colônias de Melipona quadrifasciata Lep. (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Bras. Journ. Genet., Série Monografias 4, 103p. Editora FUNPEC
16-620.1251 ou 621.8540. Cel. Davi 92-9603.3910. 92-6474042 e Fax. 92-6474043. Ribeirão Preto. 1996. 104 páginas. Séries Monografias, nº 4. Pedidos para: Sociedade Brasileira de Genética, Fone: (016) 620.1253
Romildo de Godói. Criação Racional de Abelhas Jataí. Coleção Brasil Agrícola Ícone Editora. São Paulo, SP. 1989. Livraria Livro 7 - Fone: (081) 231-5213. 83 páginas.
Fabichak, Irineu. Abelhas Indígenas sem Ferrão Jataí. Editora Nobel. 53 p. (Livraria Cultura) http://www.livcultura.com.br/scripts/cultura/index.idc e-mail: livros@livcultura.com.br
Kerr,W.E. Carvalho,G.A. e Nascimento, V. a; 1996 Coleção e Manejo da Vida Silvestre - Abelha Uruçu, Biologia, Manejo e Conservação ¬Fundação Acangaú - B.H.- MG OXX31- 3 332 7596 Cx. Postal 123-386¬000- Paracatu-MG Fundação Acangaú - B.H.- MG OXX31- 3 332 7596 Cx. Postal 123-386-000- Paracatu-MG
Oliveira, Fernando, Kerr, Warwick E. 2000-INPA- Manaus AM. Divisão de Uma Colônia de Jupará (Melipona compressipes manaosensis) usan¬do-se o método de Fernando Oliveira
TUBUNA - Fleischer Scheveleva, Igor. Los Maravillosos Tapezuá - Abejas Sin Aguijon. Asunción - Paraguay
ISBN: 978-99925-3-571-4
http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/85/lancamento.htm
http://www.libreroonline.com/paraguay/libros/167/fleischer-scheveleva-igor/los-maravillosos-tapezua-abejas-sin-aguijon.html
Nogueira Neto, PAULO-1997, São Paulo Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão Editora -Nogueirapis (sucessora da Tecnapis) Rua Pedroso Alvarenga, 1245-5Q andar São Paulo S.P fax 55- 280

sábado, 8 de dezembro de 2012

Um novo parasita de colônias de Meliponini é descoberto em Mossoró (RN)


Quem é Camila Maia Silva?
Camila Maia Silva em 2004, concluiu graduação em Ciências Biológicas, pelo Centro Acadêmico Barão de Mauá, Ribeirão Preto/SP. Em 2009, concluiu mestrado em Ciências com ênfase em Entomologia pela Universidade de São Paulo, FFCLRP. Durante esse período desenvolveu projeto sobre comportamento de forrageamento de abelhas Africanizadas Apis mellifera, intitulado: “Influência do tamanho do alvéolo de cria no peso ao nascer e no comportamento de forrageamento das operárias de abelhas Apis mellifera L” sob a orientação do Prof. Dr. David De Jong.
Em março de 2008 e de 2009, realizou estágio em Buenos Aires, Argentina, no laboratório do Grupo de Estudio de Insectos Sociales, Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires, liderado pelo Prof. Dr. Walter Marcelo Farina, no projeto desenvolvido pelo Prof. Dr. Michael Hrncir. Ness eprojeto intitulado “Influência do fluxo alimentar nos sinais de recrutamento (dança e vibrações torácicas) em Apis mellifera” foram analisados os “sons” produzidos durante a “linguagem de dança” das abelhas Apis mellifera, o qual deu origem à publicação: HRNCIR, M.; MAIA-SILVA, C.; MC CABE, S.I.; FARINA, W.M. The recruiter’s excitement – features of thoracic vibrations during the honey bee’s waggle dance related to food source profitability. Journal of Experimental Biology, v. 214, p. 4055-4064, 2011.
Atualmente é doutoranda na Pós-graduação em Entomologia da Universidade de São Paulo, FFCLRP, sob a orientação da Profa. Dra. Vera Lucia Imperatriz-Fonseca e desenvolve o projeto intitulado “O impacto das mudanças ambientais sazonais na estrutura e no comportamento de colônias de Melipona subnitida (Apidae, Meliponini)”. Objetivo dessa pesquisa é identificar possíveis variações estruturais (número de potes de alimento e na quantidade de células de cria) e comportamentais (forrageamento) que ocorrem em colônias de abelhas sem ferrão (Melipona subnitida) ao longo do ano. Esse estudo visa investigar quais variáveis climáticas e/ou ecológicas provocam tais alterações estruturais e comportamentais nas colônias dessa espécie.
Durante o desenvolvimento desse projeto foi publicado o livro: MAIA-SILVA, C.; SILVA, C. I.; HRNCIR, M.; QUEIROZ, R. T.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. Guia de plantas visitadas por abelhas na Caatinga. Fortaleza-CE: Editora Fundação Brasil Cidadão, 2012. 191p. http://wp.me/p2UiKJ-D
Entre os meses de agosto e setembro de 2012, realizou estágio na Universidade de Ulm, Alemanha, Institute of Experimental Ecology, em parceria com o Prof. Dr. Stefan Jarau. Durante esse período desenvolveu atividades relacionadas à Ecologia química, através de análises dos hidrocarbonetos cuticulares do parasita Plega hagenella (Neuroptera, Mantispidae) e de seu hospedeiro Melipona subnitida (Apidae, Meliponini). Durante esse projeto realizamos as seguintes publicações:
MAIA-SILVA, C.; HRNCIR, M.; KOEDAM, D.; MACHADO, R.J.P.; IMPERATRIZ-FONSECA, V.L. Escaping with the garbage-removal: adaptive parasite strategy of mantisflies (Plega hagenella) during mass-infestations of eusocial bee colonies (Melipona subnitida) (in press Naturwissenschaften).
MAIA-SILVA C, HRNCIR M, KOEDAM D, MACHADO RJP, IMPERATRIZ-FONSECA VL. First record of mantisflies (Plega hagenella) parasitizing eusocial bee colonies (Melipona subnitida).5th European Conference of Apidology Halle an der Saale, Alemanha, 2012.
CAMILA MAIA-SILVA, DIRK KOEDAM, MICHAEL HRNCIR, VERA LUCIA IMPERATRIZ-FONSECA. Um novo parasita de colônias de Meliponini é descoberto em Mossoró (RN) (nota de divulgação científica submetida à revista Mensagem Doce).
Como foi a pesquisa?
Ao fazerem uma vistoria em uma colônia de Melipona subnitida, jandaíra, Camila e Vera notaram a presença de algumas células de cria com aspecto diferente, com a parte de cerume raspada pelas operárias e um casulo forte e esbranquiçado aparente. (fig.1). 
Figura1: Células de cria de Melipona subnitida (Apidae, Meliponini) parasitada por Plega hagenella (Neuroptera, Mantispidae). As células de cria parasitadas possuem coloração branca. A cera que envolve o casulo do parasita é retirada pelas abelhas (Fotos: 1, 2 Michael Hrncir e 3 Dirk Koedam).

Abrimos com dificuldade uma destas células de cria, pois o casulo é muito resistente. O que surgiu foi um inseto muito diferente das abelhas, com uma cabeça pequena e mandíbula forte, que nunca tínhamos visto em uma colônia de abelhas sem ferrão. Até o momento não há na literatura especializada nenhum registro de outros insetos nascendo das células de cria de abelhas sem ferrão, no lugar das abelhas.
Outras colônias também apresentavam células de cria com a mesma aparência. Delas, ao anoitecer, emergia um inseto ativo, mas ainda sem asas (fig.2). Pernas anteriores raptoriais, parecendo com um louva-deus. Saíam da colmeia e só então sofriam a última muda (fig.3). Era um inseto da Ordem Neuroptera; esses insetos dificilmente são encontrados na natureza e em coleções biológicas de museus. Na literatura não havia nenhuma referência à invasão de ninhos e parasitismo de cria em abelhas sem ferrão. Algumas espécies de Neuroptera são mais conhecidas e estudas, pois são predadores de aranhas, alimentando-se de seus ovos e cria jovem.

Figura 2: Farato de Plega hagenella (Neuroptera, Mantispidae) realizando a última muda e transformando-se em adulto completo. As barras indicam 2 mm (Fotos: Michael Hrncir).
Figura 3: Adulto de Plega hagenella (Neuroptera, Mantispidae) após realizar a última muda (Fotos: Dirk Koedam).

Procuramos os especialistas no grupo e o parasita foi identificado por Renato J. P. Machado. O parasita era Plega hagenella uma espécie com distribuição desde a América Central até o sudeste do Brasil, mas com poucos exemplares em coleções brasileiras e nenhum registro no nordeste brasileiro.
Durante os meses de abril e maio de 2012, ao examinarmos as colônias de duas localidades, na Fazenda Experimental Rafael Fernandes, em Mossoró/RN, onde fica o meliponário da UFERSA, e na Fazenda Belém, em Icapuí/CE, distantes entre si cerca de 35 km, verificamos que 48% das colônias investigadas (total de 64 colônias investigadas) foram infestadas pelo parasita.
Ao contrário de outros insetos que parasitam colônias de Meliponini e geralmente se alimentam de pólen, néctar ou crias mortas, as larvas de Plega hagenella desenvolvem-se dentro das células de crias e se alimentam de larvas ou de pupas das abelhas. Antes da fase de pupa a larva do parasita come completamente a abelha imatura (fig.4). Consequentemente, a infestação reduz a produção de novas operárias, provocando um declínio nas populações das colônias.

Figura 4: Larva de Plega hagenella (Neuroptera, Mantispidae), acima, alimentando-se de uma larva de abelha Melipona subnitida (Apidae, Meliponini) (Foto: Dirk Koedam).

Ainda não sabemos se as fêmeas adultas de P. hagenella invadem as colônias de abelhas para colocar seus ovos dentro das células de cria operculadas. No entanto, outra possibilidade seria que as fêmeas deixam seus ovos nas flores e as larvas de primeiro instar, as quais são pequenas e móveis, sejam levadas pelas abelhas forrageiras para dentro das colônias. Ou ainda, os ovos poderiam ser deixados em locais próximos às colônias e as larvas de primeiro instar entrariam, através de fendas, nas colônias.
Existem poucos estudos sobre a biologia desses insetos de grande importância para a Meliponicultura. Solicitamos aos meliponicultores que encontrarem células de cria com este aspecto, ou o parasita no ninho ou nas proximidades, que se comuniquem conosco; o parasita pode ser mantido em álcool ou no próprio casulo, em um tubo bem fechado, e enviado para a coleção do Departamento de Ciências Animais da UFERSA, a/c de Michael Hrncir, no endereço mencionado neste trabalho.
Os vídeos


Agradecimentos
Os autores agradecem ao CETAPIS - Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do RN pelas facilidades oferecidas para os estudos com abelhas na Fazenda Rafael Fernandes, e ao projeto De Olho na Água (Programa Petrobras Ambiental) por possibilitar estudos de abelhas jandaíra na Fazenda Belém/CE. A CAPES (CMS: bolsa de doutorado; VLIF: bolsa prof. visitante) e ao CNPq (DK: bolsa DCR; MH: 304722/2010-3) pelo apoio financeiro.
Referências
Hook AW Oswald JD, Neff JL (2010) Plega hagenella (Neuroptera: Mantispidae) parasitism of Hylaeus (Hylaeopsis) sp. (Hymenoptera: Colletidae) reusing nests of Trypoxylon manni (Hymenoptera: Crabronidae) in Trinidad. J Hymenopt Res 19: 77-83
Maia-Silva C, Hrncir M, Koedam D, Machado RJP, Imperatriz-Fonseca VL (in prep.) Escaping with the garbage-removal: adaptive parasite strategy of mantisflies (Plega hagenella) during mass-infestations of eusocial bee colonies (Melipona subnitida).
Nogueira-Neto P (1997) Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão, Editora Nogueirapis, São Paulo
Penny ND (1982) Neuroptera of the Amazon Basin. Part 6. Mantispidae. Acta Amazon 12: 415-463



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

INSECTA


Olá amigos meliponicultures,
Gostaria de compartilhar com vocês a página que encontrei recentemente, trata de um grupo da Universidade Federal do Recôncavo Bahiano, este grupo, INSECTA, disponibiliza materiais gratuitamente de excelente qualidade.
"O Núcleo de Estudo dos Insetos - INSECTA atua em atividades de ensino, formação de recursos humanos, pesquisa e extensão em Entomologia, e é composto por pesquisadores e estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em parceria com outras Instituições de Ensino e Pesquisa.
O principal objetivo do Núcleo INSECTA é gerar informações sobre a fauna entomológica, fornecendo subsídios para o conhecimento da diversidade  dos insetos em ecossistemas agrícolas e naturais, manejo e conservação de espécies, além do controle populacional de insetos em áreas agrícolas." (Fonte: http://www.insecta.ufrb.edu.br/).
Material que é possivel encontrar no site, entre outros:




Espero que vocês gostem do material.



sábado, 25 de agosto de 2012

3º Seminário de Meliponicultura em Franca

Para ajudar na divulgação de mais essa edição do Seminário de Meliponicultura em Franca idealizado e organizado pelo amigo Marco Pignatari, ainda não tive a oportunidade de prestigiar o evento, mas, conhecendo o amigo Marco, o evento deve ser de primeira.

Para maiores informações: Site do Evento


Boletim de Pesquisa: Forídeos


Estou compartilhando este boletim de pesquisa de um dos maiores inimigos das nossas queridas abelhas, os forídeos.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

IMPORTANTISSIMO: Um momento muito importante para a meliponicultura de São Paulo que poderá abrir procedentes para outros estados.


Amigos meliponicultores, fiquei muito feliz com a notícia de que o IBAMA juntamente com o ministério da agricultura estariam dispostos a se apresentar junto aos meliponicultores, para auxilio/orientação de como proceder a regularização da atividade, pelo menos é isso que espero.
Portanto acredito que todos que puderem ir, que apareçam, para mostrarmos o quão numerosos somos e que  estamos desejosos na regularização desta pratica tão importante para o meio ambiente como um todo.
Segue abaixo o convite feito a todos pela APACAME.

APACAME 30 ANOS.JPG
PALESTRA: A MELIPONICULTURA SOB A ÓTICA DO IBAMA E DA SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
Dia:  05 de setembro de 2012.
Horário:  20:00 horas
Local: Salão Nobre do Parque do Água Branca – Av. Francisco Matarazzo, 455, Bairro da Água Branca. São Paulo – SP – (11)  3864-9284
Estacionamento: Portão no final da Rua Dona Pimentel
Prezados Apicultores e Meliponicultores:
Como é do conhecimento de todos a APACAME realiza todas as primeiras quartas-feiras de cada mês a sua REUNIÃO PLENÁRIA.
Numa iniciativa do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME, convidamos os Técnicos do IBAMA/SP e da SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE para proferirem Palestra, conforme mencionado acima.
Nessa Palestra serão abordados todos os trâmites legais para o Cadastro dos Meliponários ante a Resolução CONAMA – 346 / 2004 e da Lei Complementar 140 de 08 / 12 / 2011.
Esta será a oportunidade dos Meliponicultores tirarem as suas dúvidas e dar sugestões para a manutenção dos Meliponários de modo legal evitando-se a aplicação de sanções aos menos avisados.
O IBAMA/SP está solicitando a presença dos Presidentes das Associações de Apicultores e Meliponicultores na referida reunião para que funcionem com Agentes Multiplicadores das informações que serão ministradas.
A sua presença nesta reunião será de suma importância!!!
Estamos te aguardando
A Diretoria.
Ficarei ansioso aguardando a presença de todos a este evento!!!!

sábado, 24 de março de 2012

Técnica produz abelhas rainhas da espécie jataí in vitro


Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, um estudo inédito sobre o comportamento das abelhas Tetragonisca angustula propiciou a reprodução in vitro da espécie a fim de multiplicar suas colônias.

Pesquisador observou condições naturais das colônias para reproduzí-las em laboratório.


Como explica o biólogo Mauro Prato, grande parte dos alimentos do tipo hortifruti que o homem consome vem de plantas polinizadas por abelhas. Assim, a manipulação das colônias pode ter grande influência para a produção de alimentos.

A pesquisa Ocorrência natural de sexuados, produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias em Tetragonisca angustula (Hymenoptera, Apidae, Meliponini) foi dividida em três etapas: o monitoramento do que acontece dentro da colônia (para entender a reprodução natural das abelhas rainhas e com que frequência elas e os machos são produzidos); a produção in vitro das rainhas (possível por causa dessa observação prévia) e a multiplicação da colônia. A espécie utilizada, conhecida como jataí, é nativa do Brasil e não possui ferrão. Prato enfatiza que o estudo também pode servir para a maioria das outras abelhas do tipo. O orientador da pesquisa foi o professor Ademílson Espencer Egea Soares.

Observando a Tetragonisca angustula em condições naturais, o biólogo constatou que o que determina qual larva vai virar uma abelha rainha ou uma operária é a quantidade de alimento oferecido a ela. Algumas das células presentes nos favos são maiores do que as outras, e se uma célula é maior, vai receber mais alimento. Desta célula, emerge uma rainha. Nesta observação do processo natural, Prato coletou o alimento produzido pela própria colônia que seria utilizado para a produção da rainha, além de larvas em seu período inicial de desenvolvimento. Em laboratório, reproduziu artificialmente as células reais, com tamanho exatamente igual às encontradas na natureza, e ofereceu a elas o alimento retirado da natureza (55 microlitro de alimento para cada célula, também um número exatamente igual ao observado). Este processo, que ocorre dentro de uma estufa, é a produção in vitro de rainhas. “Fizemos em laboratório o que as operárias fazem dentro da colônia”, conta. Este processo aumenta o número de rainhas, que, na natureza é considerado baixo. “Mas não é que seja realmente baixo, é o suficiente para as abelhas se multiplicarem. Porém, para o produtor, em grande escala, esse número não é o suficiente, o que mostra a utilidade deste processo”, acrescenta o biólogo.

Produção in vitro de rainhas: larvas em desenvolvimento

Produção in vitro de rainhas: larvas em desenvolvimento.

Depois do nascimento das rainhas, é feita a multiplicação das colônias. O processo se dá por meio da retirada de material (como favos de cria, abelhas operárias jovens e alimentos) de um dos ninhos de um meliponário (o local aonde se criam as colônias). Foram formadas várias minicolônias e em cada uma introduziu-se uma rainha produzida em laboratório para ser fecundada por um macho. Por causa disso, o pesquisador também fez uma observação prévia da produção de machos para poder sincronizar a sua produção com a fecundação das abelhas. As minicolônias eram levadas para um ambiente externo para a fecundação com os machos e, ao fim desta etapa, o processo estava completo e a nova colônia estava formada.

Na foto, uma colônia grande e natural ao lado de duas mini colônias.
Dificuldades
O processo descrito é um dos primeiros do tipo feito no País, e encontrou algumas dificuldades no começo de sua operação. Etapas como a transferência das larvas do ambiente natural para laboratório apresentaram obstáculos devido à grande mortalidade dessas larvas, que acabavam sendo feridas pelo estilete que conduzia o processo. Na outra transferência, que leva as minicolônias já prontas para o ambiente aberto, também houve muitas baixas. Fora isso, muitas das rainhas que saíram para o vôo nupcial (para serem fecundadas) não retornaram.
Houve também rejeição por parte das operárias em algumas rainhas. Pelo fato destas terem sido produzidas em laboratório, elas não possuíam o cheiro da colônia, o que fazia com que as operárias não as tratassem como rainhas, chegando a matá-las. Para contornar este processo, o pesquisador passou a manter a rainha presa dentro da colônia antes de liberá-la, para que pudesse se proteger das operárias e pegar o cheiro do ambiente.
Custo
A ferramenta desenvolvida pelo pesquisador é voltada ao produtor, que pode passar a oferecer muitas colônias para o serviço de polinização de algum cultivo. “A ocorrência de abelhas aumenta a qualidade e a eficiência da polinização, pode render frutos maiores, etc”. O que poderia ser um problema é o custo da técnica, já que ela é experimental. Mas, segundo Prato, isso não é um motivo para preocupação. O pesquisador conta que a técnica em si é muito barata e não exige equipamentos sofisticados (o equipamento mais sofisticado utilizado foi a estufa, para manter as larvas em desenvolvimento), o que a torna acessível inclusive para o pequeno produtor.

O trabalho do biólogo recebeu o prêmio Prêmio Dow-USP de Inovação em Sustentabilidade, porque tem sua técnica apoiada nos quatro pilares da sustentabilidade: ecologia, já que os ninhos podem ser conseguidos na natureza sem causar impacto negativo na população selvagem e sem gerar resíduo poluente; sustentabilidade econômica, pela capacidade de gerar renda e independência econômica ao produtor; sustentabilidade social, pois pode ser praticada por grupos, como as cooperativas; e a sustentabilidade cultural, pois as abelhas são nativas, elas “são uma criação que faz parte da história das populações nativas da América do Sul e Central”, completa.


Mais informações: email mauro_prato@yahoo.com.br , com Mauro Prato.
Data Postagem Original: 22/03/2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Criadores de abelhas nativas das Encostas da Serra Geral buscam forças para legalizar a atividade


Com tres anos de existência a AMESG, Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral já possui um dos maiores enxames do estado, são  64 associados envolvendo a grande maioria dos municípios da encosta da serra.



Com o objetivo de reunir esforços, a pedido dos associados da AMESG, o prefeito Celso Heidemann estendeu o convite aos Deputados Joares Ponticelli e José Nei Ascari e ao vereador de Tubarão, Deka May para que participassem de uma roda de discussão com os meliponicultores sobre a legalização da criação e comercialização das abelhas nativas e seus derivados.
         Na roda de conversas na casa do presidente da associação, Guido Defrein foram levantadas as reivindicações e os presentes puderam ter esclarecimentos sobre o assunto em pauta, com o meliponicultor Jean Carlos.
"Um dos maiores problemas esta na legislação e legalização da atividade, uma vez que esta é caracterizada como criação de animais silvestres, porém com peculiaridades muito diferentes de animais como a paca, capivara entre outros. Estas abelhas são responsáveis pela manutenção da integridade de ecossistemas inteiros, constituem-se principais polinizadores de 90% das árvores brasileiras e desempenham uma importante tarefa na nidificação das matas e ecossistemas. Elas ainda disponibilizam ao homem o mel, a cera, o pólen e a própolis, e não são criadas em cativeiro, a exemplo de outros animais nativos, elas vivem soltas em seu ambiente natural. Outro entrave na legislação está na comercialização do mel, que alguns os denominam Natmel. Por ter uma composição diferente do mel da abelha africana, não se enquadra nas normas da ANVISA para o mel."
         A Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral realiza um trabalho de resgate e cultura das abelhas nativas desta região, garantindo amor a natureza e a não extinção destas abelhas. Já são cerca de 30 espécies catalogadas e em fase de produção. No estado de Santa Catarina estima-se 10 mil colméias e em Santa Rosa de Lima e arredores são 64 meliponicultores associados, possuindo pouco mais de tres mil colméias. A região das Encostas da Serra Geral estão os maiores cultivares de meliponas do estado.
         Após as explanações das dificuldades e das vantagens da criação de meliponas, ficou o comprometimento dos deputados com a causa. "Vocês definem um equipe para a audiência e nós assumimos o compromisso com os orgãos estaduais responsáveis. A argumentação de vocês é muito forte, deve ser ouvida e a reivindicação é muito válida". Em breve uma audiência deve ser marcada com o Secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues e com Murilo Flores, Presidente da FATMA.
 Sobre as abelhas
         A extinção das abelhas nativas está muito comprometida pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos, o desmatamento, o aumento da poluição e extrativismo de colméias, por meleiros, tem acabado significativamente com populações. Há, pelo menos, cinco razões que justificam o interesse em legalizar e transformar a meliponicultura em um empreendimento rural:

As abelhas sem ferrão são os principais agentes polinizadores de várias plantas nativas. Preservar essas abelhas contribui, portanto, para conservar os mais diversos tipos de vegetação, há também agricultores utilizando as abelhas sem ferrão na polinização de culturas agrícolas.
O mel produzido pelas abelhas sem ferrão contém os nutrientes básicos necessários à saúde, como açúcares, proteínas, vitaminas e gordura. Esse mel possui, também, uma elevada atividade antibacteriana e é tradicionalmente usado contra doenças pulmonares, resfriado, gripe, fraqueza e infecções de olhos em várias regiões do País.
Além de fonte de alimento e remédio, o mel produzido pelas abelhas sem ferrão pode representar uma importante fonte de renda.
São, de um modo geral, abelhas bastante dóceis e de fácil manejo. Por isso, dispensam o uso de roupas e equipamentos de proteção reduzindo os custos de sua criação e permitindo que essas abelhas sejam mantidas perto de residências e/ou de criações de animais domésticos. Além disso, por não exigir força física e/ou prolongada dedicação ao seu manejo, a criação de abelhas sem ferrão pode ser facilmente executada por jovens e idosos.
Estima-se que, só no Brasil, existam mais de 200 espécies de abelhas sem ferrão. As mais promissoras em termos de produção de mel são as espécies do gênero Melipona, conhecidas popularmente como mandaçaia (nome científico, Melipona quadrifasciata), jandaíra nordestina (Melipona subnitida), uruçu-cinza ou uruçu-cinzenta (Melipona fasciculata), uruçu-amarela (Melipona rufiventris), uruçu-do-nordeste (Melipona scutellaris), entre outras.
A meliponicultura é, portanto, uma atividade de baixo impacto ambiental, que produz um alimento de elevado nível nutricional, e de retorno financeiro garantido. Se bem planejada, a criação de abelhas sem ferrão em caixas racionais pode enquadrar-se, perfeitamente, nas atuais diretrizes que norteiam o desenvolvimento sustentável da região das encostas da Serra Geral: promover o uso racional dos recursos da Mata Atlantica, equilibrando interesses ambientais, com interesses sociais de melhoria de qualidade de vida das populações que residem na região.
Fonte: Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral
          Prefeitura de Santa Rosa de Lima
Data Postagem Original: 27/02/2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Refugiados ambientais de Morretes participam de curso de meliponicultura


A meliponicultura é a criação de abelhas nativas sem ferrão, para a produção e comercialização de mel, colmeias e derivados
O professor Emerson Palumbo, integrante da equipe de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), ministrou o curso  de Trabalhador na Meliponicultura para os refugiados da comunidade de Floresta, do dia 31 de janeiro ao dia 03 de fevereiro, na sede da Federação Espírita de Morretes, local que abriga seis das mais de trinta famílias  desterritorializadas pelas enxurradas do 11 de março de 2011. O curso integra um dos cinco projetos da UFPR Litoral aprovados pela Secretária da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (SETI), inseridos em um programa em construção com a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC/UFPR), que visam gerar oportunidades renda para comunidades litorâneas.
As ações de educandos, docentes e técnicos da UFPR litoral, junto à comunidade de Floresta, no município de Morretes, tiveram início logo após as chuvas de março de 2011 e no ano de 2012 se voltam para o fortalecimento da organização social dos grupos envolvidos, na disponibilização de cursos, oficinas e fórum de diálogos, com o intuito de ampliar as oportunidades de geração de trabalho e renda para as comunidades. Assim o projeto de geração de renda proporciona também uma construção conjunta, da comunidade acadêmica com as comunidades tradicionais, de um conhecimento ético e responsável sobre a preservação e conservação dos ambientes naturais do litoral paranaense.
O curso de meliponicultura contou com 14 inscritos e teve uma excelente integração entre a comunidade e o professor Palumbo. Foram abordados aspectos teóricos sobre a fisiologia e comportamento das abelhas indígenas sem ferrão, interações ecológicas entre os vegetais e seus polinizadores e também noções práticas para a criação e produção de abelhas, mel, própolis e cera. Produtos ainda pouco ofertados nos mercados regionais. O professor da UFPR Litoral Gilson Dahmer comemora mais esta realização. “A continuidade da parceria entre a UFPR Litoral, a Prefeitura do Município de Morretes, a SETI e outras instituições envolvidas como a Federação Espírita e o SENAR, para o fortalecimento social das comunidades vulneráveis, se garante com bases que envolvem a integração mútua, a colaboração e que apoiam também a pesquisa, o ensino e a extensão, pilares para uma construção autônoma de conhecimentos entre os envolvidos e que favorecem a autogestão comunitária”, explica Dahmer.
Post Original: Gilson Dahmer - Edição Aline Gonçalves
Posted 27 fevereiro, 2012


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Perdas de Colmeias


Os criadores das abelhas nativas principalmente da região sul têm em media uma perda anual de 16% de suas colméias, devido à dificuldade das abelhas substituírem a rainha senil por uma nova durante as estações mais frias do ano. O “elo” mais fraco na dinâmica da substituição da rainha está relacionado a  biologia do zangão.
O zangão:
O zangão nos primeiros dias da sua breve existência coopera ativamente nas diversas atividades da colméia, produz cera, ajuda na construção dos potes, gera calor... Em média no nono dia da sua breve vida deve desenvolver a sua sexualidade e para isso abandona o conforto da colméia e se expõe aos perigos do mundo exterior. As experiências adquiridas e temperaturas acima de 28º de pelo menos três horas o transformam em macho apto a fecundar uma princesa. 

Macho de Mandaçaia banhado em grão de pólen a espera de uma princesa.

A concorrência é muita, ele deve estar atento, limpar laboriosamente suas antenas para captar as substâncias exaladas pelas princesas, dois terpenoídes voláteis.
Na espera demorada muitas vezes se pimpona o corpo todo com pólen, e se reúne em grupos formando verdadeiras assembléias de “machos limpadores de antenas”.
Portanto, se os dois fatores coincidirem períodos de frio e final da vida reprodutiva da rainha, não há como renovar, não pela geração de princesa, mas sim pela incapacidade dos zangões desenvolverem sua sexualidade.
O zangão, macho sem pai, mãe nobre rainha ou apenas simples operária com metade do material genético da espécie é o “boi das piranhas” da seleção genética da espécie. A rainha e operárias, fêmeas com material genético duplicado, genes em dose dupla, um defeito de um deles pode ser compensado pelo seu alelo permitindo a vida normal. O zangão com a dose simples de genes a sua genética não tem como compensar o desiquilíbrio e sobre os seus “ombros” recai o peso da seleção genética.
Os mais fracos são eliminados, não transmitindo a sua carga genética aos seus descendentes.
Assembléia de machos de Uruçu e Tubuna – reunidos em assembléia limpando continuamente as antenas para não perder a fragrância emitidos por uma princesa, duas substâncias do grupo dos terpenóides.

O zangão:
Os machos incompreendidos são expulsos ou morto no inverno, sacrificado para não desfalcar a reserva de comida da colméia, principal vítima da seleção genética de Darwin. O mártir como consolo serve a ciência como um belo exemplo de partenogênese arrenotoca.

Autor: Harold Brand (Biólogo e Meliponicultor).
Fonte: ABENA


sábado, 21 de janeiro de 2012

Vídeo de Divulgação - Meliponicultura - Embrapa Amazônia Oriental


A meliponicultura é a criação de abelhas indígenas sem ferrão, chamadas pela ciência de meliponíferos. A Embrapa Amazônia Oriental desenvolve pesquisas para a criação racional e reprodução dessas abelhas, integração da atividade à paisagem florestal e aproveitamento agroindustrial dos produtos obtidos a partir dessa atividade. Este vídeo apresenta as abelhas mais comuns na região amazônica, como realizar a criação racional e os benefícios sociais e ambientais da atividade.



Página Embrapa Amazonia Oriental: http://www.cpatu.embrapa.br/

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Descoberta de abelha soldado repercute na comunidade científica (11/01/2012)

A descoberta de uma casta morfológica de "soldados" em população de abelhas foi anunciada na edição desta semana (datada de 10/1) do Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), um dos mais citados e prestigiados periódicos científicos do mundo. O artigo é de autoria de Cristiano Menezes, desde 2011 pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém,PA), e de colaboradores da Universidade de São Paulo e Universidade de Sussex, da Inglaterra.

Abelhas forrageira (Esquerda) e soldado (Direita)
Foto de Cristiano Menezes


É a primeira vez que uma abelha soldado é descrita. "Tem características físicas apropriadas à defesa do ninho. Já se conhecia casta morfológica para soldados entre insetos, mas apenas em algumas espécies de formigas e de cupins, em abelhas ainda não”, contextualiza o pesquisador.
A descoberta ocorreu em 2009, em população de abelhas sem ferrão jataí, quando Menezes era doutorando da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em Ribeirão Preto (SP) e durante uma das visitas ao Brasil de Francis Ratnieks, pesquisador da Universidade de Sussex, em viagem então financiada pela Fapesp.
Menezes conta que o projeto (desenvolvido em área cedida pelo cientista e professor Paulo Nogueira Neto), consistia inicialmente em comparar as abelhas guardas que sobrevoam o ninho de jataís às que ficam paradas junto à entrada. Ao observar que as abelhas guardas eram maiores que as abelhas forrageiras (que saem do ninho para buscar alimento), ele passou a coletar e a medir abelhas de diferentes ninhos. "Verificamos - eu e Christoph Grüter, pós-doutorando do grupo da Universidade de Sussex - que estávamos à frente do primeiro caso de uma casta de soldados nas abelhas sociais", relata.
A análise estatística minuciosa e os experimentos realizados demonstraram que há uma casta de soldados nas abelhas jataís. Analisando os favos de cria, os autores verificaram que 1% das abelhas operárias produzidas na colônia são guardas. "O significado atribuído a esta casta de soldados foi a defesa contra a invasão do ninho por abelhas ladras do gênero Lestrimelitta, que, por não coletarem alimento nas flores, vivem do saque de alimento de outros ninhos", explica o pesquisador.

Muito menores abelhas Jataí soldado prende-se
as asas das abelhas ladras


Os cientistas também concluíram que as abelhas guardas jataí são 30% mais pesadas do que as forrageiras e têm morfologia ligeiramente diferente, com pernas maiores e cabeça menor. "As guardas jataí ficam paradas sobre o tubo de entrada ou sobrevoando ao redor da colônia, onde promovem a defesa do ninho contra abelhas ladras (Lestrimelitta limão). Quanto maior é a abelha guarda, mais eficiente ela é na defesa da colônia", descreve Menezes.
Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Claudio José Reis de Carvalho, o trabalho trata-se de um excelente resultado científico, referente a um dos eixos da missão da instituição de pesquisa que é o de gerar conhecimento sobre a biodiversidade e o capital natural da Amazônia visando seu posterior uso racional e/ou produção de serviços ambientais. "Quanto mais conhecermos sobre esses animais, mais perto estaremos de desenvolver tecnologias úteis à agricultura tais como a geração de insetos voltados à polinização de espécies de plantas nativas da Amazônia ou mesmo de alguma planta cultivada exótica que puder se beneficiar disso, a exemplo do que já ocorre em outros paises", avalia Carvalho.
Entrada do Ninho das Abelhas Jataís com suas Abelhas Guardas




domingo, 15 de janeiro de 2012

Alta Floresta inicia criação de meliponíneas como alternativa de renda


Fabio Bonadeu/Projeto Olhos D´Água da Amazônia/Prefeitura de Alta Floresta
Está sendo trabalhado em Alta Floresta o fortalecimento da agricultura familiar. Mais de 1.500 famílias estão sendo atendidas, ou seja, mais de 4.500 pessoas sendo apoiadas por iniciativas da Administração Municipal de Alta Floresta. Implantação dos SAFs, CAR e Georreferenciamento, manejo de pastagens, são algumas ações. Esses serviços são desenvolvidos pelos técnicos do Projeto Olhos D´Água da Amazônia e estão servindo de norteador das políticas públicas ambientais do município.
Também como forma de fomentar e contribuir para a consolidação desta nova metodologia de trabalho, está sendo implantada em Alta Floresta, a Meliponicultura, que é a criação das abelhas sem ferrão da Amazônia. Através do trabalho com os meliponíneos (nome científico da espécie), os proprietários rurais terão a possibilidade de incrementar sua renda, sem contar que esta espécie de abelha tem alto poder de polinização.
A chácara Esteio, de propriedade do senhor Ércio Luedke, está sendo o berço dos meliponíneos em Alta Floresta. Ele explica que este trabalho servirá para abrir novas oportunidades econômicas. “Com este trabalho vou ampliar a diversificação das atividades da minha propriedade. Essa atividade pode ser um diferencial. Estou dando minha contribuição para Alta Floresta”, explica.
Para o produtor, a implantação da meliponicultura servirá também como ferramenta social no combate ao êxodo rural. “Esta é uma oportunidade para o fortalecimento das famílias. Todos da casa podem ajudar”. Hoje o produtor tem como principais atividades a fruticultura, piscicultura, gado de leite, suinocultura e avicultura, mas acredita no potencial desta nova criação. “Estou iniciando esta atividade. No futuro espero que esta seja uma das principais fontes de renda”, exemplifica o produtor visivelmente empolgado.
“O cultivo das abelhas sem ferrão da Amazônia embora ainda seja uma atividade embrionária em Alta Floresta, possui características que já lhe credenciam. Seu mel tem consistência e fluidez muito características, que chega a ser ralo, lembrando os licores. Outra peculiaridade é que as meliponíneos adicionam enzimas salivares, que dão um toque de acidez ao mel, suavizando o seu sabor”, argumenta o Gestor do Programa de Meliponicultura Vale do Teles Pires, Fernando Oliveira.
Além das características já citadas acima, as abelhas também apresentam outro fator. “As abelhas sem ferrão desidratam menos. O que deixa mais unido o mel, ou seja, o perfume da flor não volatiliza. Ele não dispersa, com isso torna-se um mel muito saboroso para beber”. Oliveira já trabalha com a espécie há vários anos na região amazônica.
Assim como o senhor Ércio, Fernando também se mostra muito otimista com o projeto que está sendo desenvolvido em parceria com a Administração Municipal. “Será um grande desafio. Hoje contamos com 10 colméias matrizes. Ao final de 24 meses queremos multiplicar em 250. A cada ano estaríamos gerando 500 novas colméias para subsidiar a produção de mel proveniente do meliponário matriz”.
A implantação do cultivo das abelhas sem ferrão em Alta Floresta tem dois objetivos principais: manutenção da floresta que está sendo replantada e oferecer esta nova possibilidade de acrescentar renda aos produtores rurais, através da venda do mel produzido. O sistema melipônico que está chegando a Alta Floresta é de polinização dirigida.
Vale ressaltar que as abelhas não oferecem nenhum tipo de risco. São abelhas dóceis. É possível até criar no quintal de casa. Além de produzir mel, são abelhas que realizam um “balé” espetacular. Oliveira elogia o esforço da secretária Irene Duarte. “A Irene está tratando de uma forma muito profissional este trabalho de recuperação das áreas de preservação e recuperação das APPs”.
Fernando se lembra de um fator importante. “As meliponíneos são as principais agentes polinizadores das florestas. Estudos comprovam que se você retirar todas as abelhas sem ferrão de uma área, é comprovado que 14% de espécies de árvores desapareceriam em cinco gerações. Se você trabalha com reflorestamento e não se preocupa com a polinização, significa que as árvores irão crescer, entretanto, em um determinado momento elas irão morrer pelo fato de não ter este trabalho de polinização”.
A secretária de Meio Ambiente, Irene Duarte agradece o envolvimento de todos neste processo de preservação dos recursos naturais. “Conseguimos realizar uma força tarefa em Alta Floresta. Com este trabalho está sendo possível mobilizar a agricultura familiar. Nós escrevemos este projeto para auxiliar os pequenos produtores, para que assim, podessemos caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável”.
Esta nova alternativa vem para fortalecer o desenvolvimento econômico, ambiental e social. “Vamos trabalhar para consolidar esta nova alternativa de renda. Trabalhamos diariamente no sentido de transformar Alta Floresta em um município verde”, conforme já citado anteriormente, com a conquista deste “selo” de município verde, Alta Floresta terá maior segurança jurídica, credibilidade e acesso as linhas de crédito.
Irene comenta a relevância da meliponicultura. “Este trabalho vem dentro do fortalecimento das cadeias produtivas. Estamos em uma fase de transição da economia. De um modelo de desmatamento para uma economia sustentável. É possível viver na Amazônia de uma forma inteligente. Esta ação é uma conseqüência deste trabalho de fortalecimento das cadeias produtivas, em especial do mel”.