Os criadores das abelhas nativas
principalmente da região sul têm em media uma perda anual de 16% de suas
colméias, devido à dificuldade das abelhas substituírem a rainha senil por uma nova
durante as estações mais frias do ano. O “elo” mais fraco na dinâmica da substituição
da rainha está relacionado a biologia do
zangão.
O zangão:
O zangão nos primeiros dias da sua
breve existência coopera ativamente nas diversas atividades da colméia, produz
cera, ajuda na construção dos potes, gera calor... Em média no nono dia da sua
breve vida deve desenvolver a sua sexualidade e para isso abandona o conforto
da colméia e se expõe aos perigos do mundo exterior. As experiências adquiridas
e temperaturas acima de 28º de pelo menos três horas o transformam em macho
apto a fecundar uma princesa.
Macho de Mandaçaia banhado em grão de
pólen a espera de uma princesa.
A concorrência é muita, ele deve
estar atento, limpar laboriosamente suas antenas para captar as substâncias
exaladas pelas princesas, dois terpenoídes voláteis.
Na espera demorada muitas vezes se
pimpona o corpo todo com pólen, e se reúne em grupos formando verdadeiras assembléias
de “machos limpadores de antenas”.
Portanto, se os dois fatores coincidirem
períodos de frio e final da vida reprodutiva da rainha, não há como renovar,
não pela geração de princesa, mas sim pela incapacidade dos zangões desenvolverem
sua sexualidade.
O zangão, macho sem pai, mãe nobre
rainha ou apenas simples operária com metade do material genético da espécie é
o “boi das piranhas” da seleção genética da espécie. A rainha e operárias,
fêmeas com material genético duplicado, genes em dose dupla, um defeito de um
deles pode ser compensado pelo seu alelo permitindo a vida normal. O zangão com
a dose simples de genes a sua genética não tem como compensar o desiquilíbrio e
sobre os seus “ombros” recai o peso da seleção genética.
Os mais fracos são eliminados, não
transmitindo a sua carga genética aos seus descendentes.
Assembléia de machos de Uruçu e
Tubuna – reunidos em assembléia limpando continuamente as antenas para não
perder a fragrância emitidos por uma princesa, duas substâncias do grupo dos
terpenóides.
O zangão:
Os machos incompreendidos são expulsos
ou morto no inverno, sacrificado para não desfalcar a reserva de comida da
colméia, principal vítima da seleção genética de Darwin. O mártir como consolo
serve a ciência como um belo exemplo de partenogênese arrenotoca.
Autor: Harold Brand (Biólogo e Meliponicultor).
Fonte: ABENA