sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Perdas de Colmeias


Os criadores das abelhas nativas principalmente da região sul têm em media uma perda anual de 16% de suas colméias, devido à dificuldade das abelhas substituírem a rainha senil por uma nova durante as estações mais frias do ano. O “elo” mais fraco na dinâmica da substituição da rainha está relacionado a  biologia do zangão.
O zangão:
O zangão nos primeiros dias da sua breve existência coopera ativamente nas diversas atividades da colméia, produz cera, ajuda na construção dos potes, gera calor... Em média no nono dia da sua breve vida deve desenvolver a sua sexualidade e para isso abandona o conforto da colméia e se expõe aos perigos do mundo exterior. As experiências adquiridas e temperaturas acima de 28º de pelo menos três horas o transformam em macho apto a fecundar uma princesa. 

Macho de Mandaçaia banhado em grão de pólen a espera de uma princesa.

A concorrência é muita, ele deve estar atento, limpar laboriosamente suas antenas para captar as substâncias exaladas pelas princesas, dois terpenoídes voláteis.
Na espera demorada muitas vezes se pimpona o corpo todo com pólen, e se reúne em grupos formando verdadeiras assembléias de “machos limpadores de antenas”.
Portanto, se os dois fatores coincidirem períodos de frio e final da vida reprodutiva da rainha, não há como renovar, não pela geração de princesa, mas sim pela incapacidade dos zangões desenvolverem sua sexualidade.
O zangão, macho sem pai, mãe nobre rainha ou apenas simples operária com metade do material genético da espécie é o “boi das piranhas” da seleção genética da espécie. A rainha e operárias, fêmeas com material genético duplicado, genes em dose dupla, um defeito de um deles pode ser compensado pelo seu alelo permitindo a vida normal. O zangão com a dose simples de genes a sua genética não tem como compensar o desiquilíbrio e sobre os seus “ombros” recai o peso da seleção genética.
Os mais fracos são eliminados, não transmitindo a sua carga genética aos seus descendentes.
Assembléia de machos de Uruçu e Tubuna – reunidos em assembléia limpando continuamente as antenas para não perder a fragrância emitidos por uma princesa, duas substâncias do grupo dos terpenóides.

O zangão:
Os machos incompreendidos são expulsos ou morto no inverno, sacrificado para não desfalcar a reserva de comida da colméia, principal vítima da seleção genética de Darwin. O mártir como consolo serve a ciência como um belo exemplo de partenogênese arrenotoca.

Autor: Harold Brand (Biólogo e Meliponicultor).
Fonte: ABENA