Fabio Bonadeu/Projeto Olhos D´Água da Amazônia/Prefeitura de
Alta Floresta
Está sendo trabalhado
em Alta Floresta
o fortalecimento da agricultura familiar. Mais de 1.500 famílias estão sendo
atendidas, ou seja, mais de 4.500 pessoas sendo apoiadas por iniciativas da
Administração Municipal de Alta Floresta. Implantação dos SAFs, CAR e
Georreferenciamento, manejo de pastagens, são algumas ações. Esses serviços são
desenvolvidos pelos técnicos do Projeto Olhos D´Água da Amazônia e estão
servindo de norteador das políticas públicas ambientais do município.
Também como forma de
fomentar e contribuir para a consolidação desta nova metodologia de trabalho,
está sendo implantada em
Alta Floresta, a Meliponicultura, que é a criação das abelhas
sem ferrão da Amazônia. Através do trabalho com os meliponíneos (nome
científico da espécie), os proprietários rurais terão a possibilidade de
incrementar sua renda, sem contar que esta espécie de abelha tem alto poder de
polinização.
A chácara Esteio, de
propriedade do senhor Ércio Luedke, está sendo o berço dos meliponíneos em Alta Floresta. Ele
explica que este trabalho servirá para abrir novas oportunidades econômicas.
“Com este trabalho vou ampliar a diversificação das atividades da minha
propriedade. Essa atividade pode ser um diferencial. Estou dando minha
contribuição para Alta Floresta”, explica.
Para o produtor, a
implantação da meliponicultura servirá também como ferramenta social no combate
ao êxodo rural. “Esta é uma oportunidade para o fortalecimento das famílias.
Todos da casa podem ajudar”. Hoje o produtor tem como principais atividades a fruticultura,
piscicultura, gado de leite, suinocultura e avicultura, mas acredita no
potencial desta nova criação. “Estou iniciando esta atividade. No futuro espero
que esta seja uma das principais fontes de renda”, exemplifica o produtor
visivelmente empolgado.
“O cultivo das
abelhas sem ferrão da Amazônia embora ainda seja uma atividade embrionária em Alta Floresta,
possui características que já lhe credenciam. Seu mel tem consistência e
fluidez muito características, que chega a ser ralo, lembrando os licores.
Outra peculiaridade é que as meliponíneos adicionam enzimas salivares, que dão
um toque de acidez ao mel, suavizando o seu sabor”, argumenta o Gestor do
Programa de Meliponicultura Vale do Teles Pires, Fernando Oliveira.
Além das
características já citadas acima, as abelhas também apresentam outro fator. “As
abelhas sem ferrão desidratam menos. O que deixa mais unido o mel, ou seja, o
perfume da flor não volatiliza. Ele não dispersa, com isso torna-se um mel
muito saboroso para beber”. Oliveira já trabalha com a espécie há vários anos
na região amazônica.
Assim como o senhor
Ércio, Fernando também se mostra muito otimista com o projeto que está sendo
desenvolvido em parceria com a Administração Municipal. “Será um grande
desafio. Hoje contamos com 10 colméias matrizes. Ao final de 24 meses queremos
multiplicar em 250. A
cada ano estaríamos gerando 500 novas colméias para subsidiar a produção de mel
proveniente do meliponário matriz”.
A implantação do
cultivo das abelhas sem ferrão em Alta Floresta tem dois objetivos principais:
manutenção da floresta que está sendo replantada e oferecer esta nova
possibilidade de acrescentar renda aos produtores rurais, através da venda do
mel produzido. O sistema melipônico que está chegando a Alta Floresta é de
polinização dirigida.
Vale ressaltar que as
abelhas não oferecem nenhum tipo de risco. São abelhas dóceis. É possível até
criar no quintal de casa. Além de produzir mel, são abelhas que realizam um
“balé” espetacular. Oliveira elogia o esforço da secretária Irene Duarte. “A
Irene está tratando de uma forma muito profissional este trabalho de
recuperação das áreas de preservação e recuperação das APPs”.
Fernando se lembra de
um fator importante. “As meliponíneos são as principais agentes polinizadores
das florestas. Estudos comprovam que se você retirar todas as abelhas sem
ferrão de uma área, é comprovado que 14% de espécies de árvores desapareceriam
em cinco gerações. Se você trabalha com reflorestamento e não se preocupa com a
polinização, significa que as árvores irão crescer, entretanto, em um
determinado momento elas irão morrer pelo fato de não ter este trabalho de
polinização”.
A secretária de Meio
Ambiente, Irene Duarte agradece o envolvimento de todos neste processo de
preservação dos recursos naturais. “Conseguimos realizar uma força tarefa em Alta Floresta. Com
este trabalho está sendo possível mobilizar a agricultura familiar. Nós
escrevemos este projeto para auxiliar os pequenos produtores, para que assim,
podessemos caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável”.
Esta nova alternativa
vem para fortalecer o desenvolvimento econômico, ambiental e social. “Vamos
trabalhar para consolidar esta nova alternativa de renda. Trabalhamos
diariamente no sentido de transformar Alta Floresta em um município verde”, conforme
já citado anteriormente, com a conquista deste “selo” de município verde, Alta
Floresta terá maior segurança jurídica, credibilidade e acesso as linhas de
crédito.
Irene comenta a
relevância da meliponicultura. “Este trabalho vem dentro do fortalecimento das
cadeias produtivas. Estamos em uma fase de transição da economia. De um modelo
de desmatamento para uma economia sustentável. É possível viver na Amazônia de
uma forma inteligente. Esta ação é uma conseqüência deste trabalho de
fortalecimento das cadeias produtivas, em especial do mel”.