Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, um estudo inédito sobre o comportamento das
abelhas Tetragonisca angustula propiciou a reprodução in vitro da espécie a fim
de multiplicar suas colônias.
Pesquisador observou condições naturais das
colônias para reproduzí-las em laboratório.
Como explica o biólogo Mauro Prato, grande parte
dos alimentos do tipo hortifruti que o homem consome vem de plantas polinizadas
por abelhas. Assim, a manipulação das colônias pode ter grande influência para
a produção de alimentos.
A pesquisa Ocorrência natural de sexuados,
produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias em Tetragonisca
angustula (Hymenoptera, Apidae, Meliponini) foi dividida em três etapas: o
monitoramento do que acontece dentro da colônia (para entender a reprodução
natural das abelhas rainhas e com que frequência elas e os machos são
produzidos); a produção in vitro das rainhas (possível por causa dessa
observação prévia) e a multiplicação da colônia. A espécie utilizada, conhecida
como jataí, é nativa do Brasil e não possui ferrão. Prato enfatiza que o estudo
também pode servir para a maioria das outras abelhas do tipo. O orientador da
pesquisa foi o professor Ademílson Espencer Egea Soares.
Observando a Tetragonisca angustula em condições naturais, o biólogo constatou que o que determina qual larva vai virar uma abelha rainha ou uma operária é a quantidade de alimento oferecido a ela. Algumas das células presentes nos favos são maiores do que as outras, e se uma célula é maior, vai receber mais alimento. Desta célula, emerge uma rainha. Nesta observação do processo natural, Prato coletou o alimento produzido pela própria colônia que seria utilizado para a produção da rainha, além de larvas em seu período inicial de desenvolvimento. Em laboratório, reproduziu artificialmente as células reais, com tamanho exatamente igual às encontradas na natureza, e ofereceu a elas o alimento retirado da natureza (55 microlitro de alimento para cada célula, também um número exatamente igual ao observado). Este processo, que ocorre dentro de uma estufa, é a produção in vitro de rainhas. “Fizemos em laboratório o que as operárias fazem dentro da colônia”, conta. Este processo aumenta o número de rainhas, que, na natureza é considerado baixo. “Mas não é que seja realmente baixo, é o suficiente para as abelhas se multiplicarem. Porém, para o produtor, em grande escala, esse número não é o suficiente, o que mostra a utilidade deste processo”, acrescenta o biólogo.
Produção in vitro de
rainhas: larvas em desenvolvimento
Produção in vitro de rainhas: larvas em
desenvolvimento.
Depois do nascimento das rainhas, é feita a
multiplicação das colônias. O processo se dá por meio da retirada de material
(como favos de cria, abelhas operárias jovens e alimentos) de um dos ninhos de
um meliponário (o local aonde se criam as colônias). Foram formadas várias
minicolônias e em cada uma introduziu-se uma rainha produzida em laboratório
para ser fecundada por um macho. Por causa disso, o pesquisador também fez uma
observação prévia da produção de machos para poder sincronizar a sua produção
com a fecundação das abelhas. As minicolônias eram levadas para um ambiente
externo para a fecundação com os machos e, ao fim desta etapa, o processo
estava completo e a nova colônia estava formada.
Na foto, uma colônia grande e natural ao lado de
duas mini colônias.
Dificuldades
O processo descrito é um dos primeiros do tipo
feito no País, e encontrou algumas dificuldades no começo de sua operação.
Etapas como a transferência das larvas do ambiente natural para laboratório
apresentaram obstáculos devido à grande mortalidade dessas larvas, que acabavam
sendo feridas pelo estilete que conduzia o processo. Na outra transferência,
que leva as minicolônias já prontas para o ambiente aberto, também houve muitas
baixas. Fora isso, muitas das rainhas que saíram para o vôo nupcial (para serem
fecundadas) não retornaram.
Houve também rejeição por parte das operárias em
algumas rainhas. Pelo fato destas terem sido produzidas em laboratório, elas
não possuíam o cheiro da colônia, o que fazia com que as operárias não as
tratassem como rainhas, chegando a matá-las. Para contornar este processo, o
pesquisador passou a manter a rainha presa dentro da colônia antes de
liberá-la, para que pudesse se proteger das operárias e pegar o cheiro do
ambiente.
Custo
A ferramenta desenvolvida pelo pesquisador é
voltada ao produtor, que pode passar a oferecer muitas colônias para o serviço
de polinização de algum cultivo. “A ocorrência de abelhas aumenta a qualidade e
a eficiência da polinização, pode render frutos maiores, etc”. O que poderia
ser um problema é o custo da técnica, já que ela é experimental. Mas, segundo
Prato, isso não é um motivo para preocupação. O pesquisador conta que a técnica
em si é muito barata e não exige equipamentos sofisticados (o equipamento mais
sofisticado utilizado foi a estufa, para manter as larvas em desenvolvimento),
o que a torna acessível inclusive para o pequeno produtor.
O trabalho do biólogo recebeu o prêmio Prêmio
Dow-USP de Inovação em Sustentabilidade, porque tem sua técnica apoiada nos
quatro pilares da sustentabilidade: ecologia, já que os ninhos podem ser
conseguidos na natureza sem causar impacto negativo na população selvagem e sem
gerar resíduo poluente; sustentabilidade econômica, pela capacidade de gerar
renda e independência econômica ao produtor; sustentabilidade social, pois pode
ser praticada por grupos, como as cooperativas; e a sustentabilidade cultural,
pois as abelhas são nativas, elas “são uma criação que faz parte da história
das populações nativas da América do Sul e Central”, completa.
Mais informações: email mauro_prato@yahoo.com.br , com Mauro
Prato.
Data Postagem
Original: 22/03/2012
Primeiramente peço licença para postar no site do amigo!
ResponderExcluirBoa noite amigos meliponicultores, vendo mudas de Mutre(Aloysia Virgata). Ótima pastagem para as ASF, feitas através de sementes, pois crescem mais forte que as feitas por estacas, caso tenham interesse entrar em contato através do e-mail fpontes14@hotmail.com
Um forte abraço a todos.
Boa noite.
Vcs retiram enxames? Obrigado
ResponderExcluirVcs retiram enxames? Obrigado
ResponderExcluirBoa tarde! Qual é o nome dessa placa de 100 poços? Fundo em U?
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