segunda-feira, 12 de março de 2012

Criadores de abelhas nativas das Encostas da Serra Geral buscam forças para legalizar a atividade


Com tres anos de existência a AMESG, Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral já possui um dos maiores enxames do estado, são  64 associados envolvendo a grande maioria dos municípios da encosta da serra.



Com o objetivo de reunir esforços, a pedido dos associados da AMESG, o prefeito Celso Heidemann estendeu o convite aos Deputados Joares Ponticelli e José Nei Ascari e ao vereador de Tubarão, Deka May para que participassem de uma roda de discussão com os meliponicultores sobre a legalização da criação e comercialização das abelhas nativas e seus derivados.
         Na roda de conversas na casa do presidente da associação, Guido Defrein foram levantadas as reivindicações e os presentes puderam ter esclarecimentos sobre o assunto em pauta, com o meliponicultor Jean Carlos.
"Um dos maiores problemas esta na legislação e legalização da atividade, uma vez que esta é caracterizada como criação de animais silvestres, porém com peculiaridades muito diferentes de animais como a paca, capivara entre outros. Estas abelhas são responsáveis pela manutenção da integridade de ecossistemas inteiros, constituem-se principais polinizadores de 90% das árvores brasileiras e desempenham uma importante tarefa na nidificação das matas e ecossistemas. Elas ainda disponibilizam ao homem o mel, a cera, o pólen e a própolis, e não são criadas em cativeiro, a exemplo de outros animais nativos, elas vivem soltas em seu ambiente natural. Outro entrave na legislação está na comercialização do mel, que alguns os denominam Natmel. Por ter uma composição diferente do mel da abelha africana, não se enquadra nas normas da ANVISA para o mel."
         A Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral realiza um trabalho de resgate e cultura das abelhas nativas desta região, garantindo amor a natureza e a não extinção destas abelhas. Já são cerca de 30 espécies catalogadas e em fase de produção. No estado de Santa Catarina estima-se 10 mil colméias e em Santa Rosa de Lima e arredores são 64 meliponicultores associados, possuindo pouco mais de tres mil colméias. A região das Encostas da Serra Geral estão os maiores cultivares de meliponas do estado.
         Após as explanações das dificuldades e das vantagens da criação de meliponas, ficou o comprometimento dos deputados com a causa. "Vocês definem um equipe para a audiência e nós assumimos o compromisso com os orgãos estaduais responsáveis. A argumentação de vocês é muito forte, deve ser ouvida e a reivindicação é muito válida". Em breve uma audiência deve ser marcada com o Secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues e com Murilo Flores, Presidente da FATMA.
 Sobre as abelhas
         A extinção das abelhas nativas está muito comprometida pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos, o desmatamento, o aumento da poluição e extrativismo de colméias, por meleiros, tem acabado significativamente com populações. Há, pelo menos, cinco razões que justificam o interesse em legalizar e transformar a meliponicultura em um empreendimento rural:

As abelhas sem ferrão são os principais agentes polinizadores de várias plantas nativas. Preservar essas abelhas contribui, portanto, para conservar os mais diversos tipos de vegetação, há também agricultores utilizando as abelhas sem ferrão na polinização de culturas agrícolas.
O mel produzido pelas abelhas sem ferrão contém os nutrientes básicos necessários à saúde, como açúcares, proteínas, vitaminas e gordura. Esse mel possui, também, uma elevada atividade antibacteriana e é tradicionalmente usado contra doenças pulmonares, resfriado, gripe, fraqueza e infecções de olhos em várias regiões do País.
Além de fonte de alimento e remédio, o mel produzido pelas abelhas sem ferrão pode representar uma importante fonte de renda.
São, de um modo geral, abelhas bastante dóceis e de fácil manejo. Por isso, dispensam o uso de roupas e equipamentos de proteção reduzindo os custos de sua criação e permitindo que essas abelhas sejam mantidas perto de residências e/ou de criações de animais domésticos. Além disso, por não exigir força física e/ou prolongada dedicação ao seu manejo, a criação de abelhas sem ferrão pode ser facilmente executada por jovens e idosos.
Estima-se que, só no Brasil, existam mais de 200 espécies de abelhas sem ferrão. As mais promissoras em termos de produção de mel são as espécies do gênero Melipona, conhecidas popularmente como mandaçaia (nome científico, Melipona quadrifasciata), jandaíra nordestina (Melipona subnitida), uruçu-cinza ou uruçu-cinzenta (Melipona fasciculata), uruçu-amarela (Melipona rufiventris), uruçu-do-nordeste (Melipona scutellaris), entre outras.
A meliponicultura é, portanto, uma atividade de baixo impacto ambiental, que produz um alimento de elevado nível nutricional, e de retorno financeiro garantido. Se bem planejada, a criação de abelhas sem ferrão em caixas racionais pode enquadrar-se, perfeitamente, nas atuais diretrizes que norteiam o desenvolvimento sustentável da região das encostas da Serra Geral: promover o uso racional dos recursos da Mata Atlantica, equilibrando interesses ambientais, com interesses sociais de melhoria de qualidade de vida das populações que residem na região.
Fonte: Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral
          Prefeitura de Santa Rosa de Lima
Data Postagem Original: 27/02/2012

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