domingo, 27 de novembro de 2011

Emater vai organizar agricultores na criação de abelhas sem ferrão


O V Seminário Paranaense de Meliponicultura, realizado em Curitiba nesta sexta-feira (25), contou com a participação de cerca de 250 pessoas, entre produtores rurais, estudantes e técnicos, que lotaram o auditório do Instituto Emater em Curitiba.
A Meliponicultura é a criação de abelhas sem ferrão e essa adesão mostra que os produtores estão acreditando nas potencialidades da atividade para exploração de desenvolvimento sustentável na propriedade, disse o presidente da Associação Paranaense de Apicultores, Sebastião Ramos Gonzaga.
O presidente da Emater-PR, Rubens Niederheitmann, que abriu o evento, disse que a empresa, vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, vai dar mais atenção à meliponicultura, com o deslocamento de extensionistas para auxiliar na organização dos produtores. “O governo do Estado já autorizou a realização de concurso público para os quadros da Emater, e a difusão de tecnologia através da assistência técnica é fundamental para o fortalecimento dessa cadeia produtiva”, afirmou.
Segundo Niederheitmann, o Estado será um facilitador para estruturar essa cadeia produtiva, que depende de organização dos produtores e de troca de experiências como está ocorrendo com esse seminário promovido anualmente pela Secretaria e pela Emater.
Além de produtores do estado do Paraná, estavam presentes produtores dos estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O presidente da Confederação Brasileira de Apicultura, José Gumercindo da Cunha, também participou do evento. Todos estavam interessados nos debates e palestras para aperfeiçoar os conhecimentos sobre a meliponicultura.
Durante o seminário, o biólogo, professor e estudioso da meliponicultura, Harold Brand, de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, estava expondo os vários tipos de própolis extraídos das abelhas nativas sem ferrão como a Jataí e Mandaçaia e do gênero Apis. Segundo ele, existem 13 tipos diferentes de própolis no País, sendo cinco deles extraídos exclusivamente no Paraná
“Em toda a Europa, existem somente três tipos de Própolis”, comparou, atribuindo esse privilégio à diversidade de plantas e ecossistemas no País. De cinco tipos de própolis extraídos das abelhas do gênero Apis, dois deles de coloração verde e vermelha não fica por aqui. Toda a produção, que é bastante limitada é exportada para o Japão.
É exatamente esse potencial que está atraindo mais produtores para a atividade, embora poucos tenham consciência da utilidade das abelhas sem ferrão como agentes polinizadores das florestas e cultivos agrícolas.
De acordo com o especialista Helio Cunha, do Ministério do Meio Ambiente, a prática da meliponicultura tem relação direta com uma produção agrícola de melhor qualidade, com mais sementes e frutos que levam à segurança alimentar. Isso porque as abelhas sem ferrão fazem o papel de polinizadoras na produção agrícola, conectando diretamente os ecossistemas silvestres com os de produção agrícola, afirmou.
Segundo Cunha, cerca de 80% das espécies de plantas e flores são polinizadas por animais, especialmente os insetos, numa referência à potencialidade da meliponicultura para impulsionar a produção agrícola. “O que falta é mais conhecimento e conscientização. O nosso desafio é garantir políticas públicas adequadas para garantir essa polinização”, disse.
Cunha observou que a falta de capacitação e de disseminação do conhecimento leva a políticas inadequadas. “É importante para o agricultor manter áreas de vegetação natural para manter o processo de polinização que alavanca a produtividade e garante o desenvolvimento sustentável”, disse.

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