O V Seminário
Paranaense de Meliponicultura, realizado em Curitiba nesta sexta-feira (25),
contou com a participação de cerca de 250 pessoas, entre produtores rurais,
estudantes e técnicos, que lotaram o auditório do Instituto Emater em Curitiba.
A Meliponicultura é a
criação de abelhas sem ferrão e essa adesão mostra que os produtores estão
acreditando nas potencialidades da atividade para exploração de desenvolvimento
sustentável na propriedade, disse o presidente da Associação Paranaense de
Apicultores, Sebastião Ramos Gonzaga.
O presidente da
Emater-PR, Rubens Niederheitmann, que abriu o evento, disse que a empresa,
vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, vai dar mais atenção
à meliponicultura, com o deslocamento de extensionistas para auxiliar na
organização dos produtores. “O governo do Estado já autorizou a realização de
concurso público para os quadros da Emater, e a difusão de tecnologia através
da assistência técnica é fundamental para o fortalecimento dessa cadeia
produtiva”, afirmou.
Segundo
Niederheitmann, o Estado será um facilitador para estruturar essa cadeia
produtiva, que depende de organização dos produtores e de troca de experiências
como está ocorrendo com esse seminário promovido anualmente pela Secretaria e
pela Emater.
Além de produtores do
estado do Paraná, estavam presentes produtores dos estados do Rio de Janeiro,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O presidente da Confederação Brasileira de
Apicultura, José Gumercindo da Cunha, também participou do evento. Todos
estavam interessados nos debates e palestras para aperfeiçoar os conhecimentos
sobre a meliponicultura.
Durante o seminário,
o biólogo, professor e estudioso da meliponicultura, Harold Brand, de
Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, estava expondo os vários tipos de
própolis extraídos das abelhas nativas sem ferrão como a Jataí e Mandaçaia e do
gênero Apis. Segundo ele, existem 13 tipos diferentes de própolis no País,
sendo cinco deles extraídos exclusivamente no Paraná
“Em toda a Europa,
existem somente três tipos de Própolis”, comparou, atribuindo esse privilégio à
diversidade de plantas e ecossistemas no País. De cinco tipos de própolis
extraídos das abelhas do gênero Apis, dois deles de coloração verde e vermelha
não fica por aqui. Toda a produção, que é bastante limitada é exportada para o
Japão.
É exatamente esse
potencial que está atraindo mais produtores para a atividade, embora poucos
tenham consciência da utilidade das abelhas sem ferrão como agentes polinizadores
das florestas e cultivos agrícolas.
De acordo com o
especialista Helio Cunha, do Ministério do Meio Ambiente, a prática da
meliponicultura tem relação direta com uma produção agrícola de melhor
qualidade, com mais sementes e frutos que levam à segurança alimentar. Isso
porque as abelhas sem ferrão fazem o papel de polinizadoras na produção
agrícola, conectando diretamente os ecossistemas silvestres com os de produção
agrícola, afirmou.
Segundo Cunha, cerca
de 80% das espécies de plantas e flores são polinizadas por animais,
especialmente os insetos, numa referência à potencialidade da meliponicultura
para impulsionar a produção agrícola. “O que falta é mais conhecimento e
conscientização. O nosso desafio é garantir políticas públicas adequadas para
garantir essa polinização”, disse.
Cunha observou que a
falta de capacitação e de disseminação do conhecimento leva a políticas
inadequadas. “É importante para o agricultor manter áreas de vegetação natural
para manter o processo de polinização que alavanca a produtividade e garante o
desenvolvimento sustentável”, disse.
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